sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

China: núcleo da civilização sínica

             A civilização chinesa ou sínica teve sua origem por volta de 1500 a.C., correspondendo a uma das mais antigas entidades culturais. As bases filosóficas e religiosas dessa civilização se assentam sobre três correntes de pensamento complementares: o Confucionismo, o Taoísmo e o Budismo.
            Atualmente, a área dessa civilização se estende por vastos espaços da Ásia Oriental, envolvendo um núcleo central - as doze províncias originais da etnia han - e as províncias periféricas da China comunista, onde existe uma parcela significativa de populações não chinesas (Tibete, Xinjinag e Mongólia Interior). Porém, sob sua influência direta há também Taiwan, uma cidade-estado de população predominantemente chinesa (Cingapura), e as populações chinesas que dominam parcelas consideráveis da economia em países do Sudeste Asiático (Tailândia, Malásia, Indonésia e Filipinas). Finalmente, existem as sociedades não chinesas das duas Coreias e do Vietnã, que compartilham muito da cultura confuciana com a China.
              A República Popular da China, atual Estado-núcleo da civilização, passou por várias e importantes mudanças nos últimos cinquentas anos. Depois da saída dos invasores japoneses, no fim da Segunda Guerra Mundial, o país viveu durante quatro anos uma sangrenta guerra civil, que terminou com a vitória comunista em 1949.
                  Nos anos 1950, a China se definiu como aliada da União Soviética, situação que perdurou apenas até a ruptura entre os dois países socialistas, em 1960. Depois, a China tentou se apresentar no cenário internacional como Estado capaz de liderar os países do Terceiro Mundo, mantendo equidistância das duas superpotências da Guerra Fria. 
                Nos anos 1970, em razão do insucesso de suas ações internacionais, do isolamento diplomático pelo qual passou e dos atritos de fronteiras com a União Soviética, a China se aproximou dos Estados Unidos. A morte de Mao Tse-tung, o "pai" da China comunista, foi a senha para o início de um processo gradativo de abertura econômica, que não se fez acompanhar por maior liberdade política. A abertura econômica empreendida nas décadas de 1980 e 1990 modificou o panorama do país, gerando acúmulo de riqueza e ampliação das desigualdades e tensões sociais.
                 Com o fim da Guerra Fria, a China fixou-se em dois grandes objetivos. O primeiro deles consiste em desempenhar o papel de defensora da cultura chinesa e de polo de atração para as comunidades étnicas chinesas existentes em outros Estados asiáticos. O segundo seria o de retomar sua posição hegemônica na Ásia Oriental, perdida desde o século XIX.
                     Por conta de um imenso território, rico em recursos naturais, de seu enorme contingente populacional, de seu contínuo e consistente processo de crescimento econômico e de sua explícita intenção de se tornar a potência hegemônica da Ásia Oriental, o Estado-núcleo da civilização chinesa aparece como um dos principais atores do sistema internacional no século XXI.


OLIC, Nelson Bacic. Mundo Contemporâneo. Editora Moderna.

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